Anotações do curso: novos avanços em governo aberto e digital
Esta semana, mais uma vez, participamos do curso Novos Avanços em Governo Aberto e Digital. O curso é ministrado pelo Prof. Dr. Marijn Janssen da Delft Technical University nos Países Baixos, e é promovido em Brasília pela Secretaria de Governo Digital – SGD – e a Escola Nacional de Administração Pública – Enap. Esta é a segunda vez que o curso é oferecido, depois de ter estreado em 2018. A maioria dos participantes são servidores públicos de vários órgãos do governo federal.
Nesta série de artigos, compartilharei as minhas principais observações e comentários sobre o conteúdo do curso. Note que estas são as minhas próprias percepções e pontos de vista e não representam de maneira alguma as posições e opiniões do Prof. Janssen, da TU Delft, da SGD ou da Enap. Ao ouvir as palestras e fazer os exercícios, muitos pensamentos, paralelos e comparações passam pela minha mente. Registrar esses pensamentos é uma maneira de evitar que eles se esvaiam e encorajar mais discussões. É também uma oportunidade de escrever sobre algumas questões relacionadas e mostrar exemplos que muitas pessoas podem não ter ouvido falar antes.
O primeiro dia do curso começou com uma revisão do que constitui o conceito de governo aberto, salientando cinco pilares: abertura, transparência, accountability, participação e confiança. O governo aberto funciona numa mão dupla. Ele possibilita que a sociedade supervisione a operação de governos, efetivamnte combatendo o mau uso de recursos públicos e melhorando as suas operações. Por outro lado, ele possibilita que governos também se aproveitem da inteligência coletiva presente na sociedade para fomentar a inovação dentro dos governos, por meio de práticas colaborativas.
Nós então exploramos como poderíamos aproveitar as plataformas para alcançar um governo mais aberto. Mas o que são plataformas? De acordo com Hagiu & Yoffie (2009), “produtos, serviços ou tecnologias que conectam os diferentes tipos de clientes uns aos outros”. Ao usar plataformas, é possível utilizar a participação cidadã para eplorar a inteligência coletiva para resolver problemas comuns. Um exemplo de tal participação é uma oferta para encontrar serviço voluntário direto para ajudar outros que necessitem. As pessoas criam aplicações usando dados abertos e serviços que serão usados por outros.
O segundo dia começou com uma discussão sobre centros de serviços compartilhados. Quais serviços podem ser compartilhados em uma organização? Como podemos melhorar as operações e evitar trabalho redundante? Para criar serviços compartilhados, frequentemente é necessário usar uma abordagem modular para os componentes de governo e propiciar o reúso desses componentes. Isso pode economizar dinheiro, mas também é necessária uma sobrecarga administrativa para lidar com isso. Grandes organizações podem fazê-lo internamente, mas pode não ser apropriado para organizações muito pequenas, uma vez que a sobrecarga pode desfazer os potenciais ganhos de eficiência. A solução é colaborar com outras organizações. Serviços compartilhados também podem ser vistos como uma tentativa de balancear as vantagens e as desvantagens da centralização versus a descentralização da estrutura de serviços. Por exemplo, uma abordagem centralizada seria ter um único departamento de TI que atende a toda a TI da organização. Por outro lado, uma estrutura descentralizada teria pequenas equipes de TI espalhadas por todas as unidades de negócio. A primeira é frequentemente inflexível e lenta para mudar, mas altamente eficiente. A segunda é próxima do usuário e pode reagir mais rápido às necessidades que mudam, mas inevitavelmente desperdiçará recursos em trabalho redundante.
É possível equilibrar a exploração de capacidades existentes ao explorar novas oportunidades? As organizações precisam de ambidestria para lidar com esse duplo desafio. O Prof. Janssen apresentou algumas estratégias para conseguir isso.
Isso nos leva a pensar no assunto do terceiro dia, a arquitetura corporativa (AC). Como se estrutura a organização para enfrentar os desafios da transformação digital e como inovar? Pensar sobre a arquitetura de toda a corporação também nos permite reutilizar componentes de unidades funcionais em contextos similares, ex.: diferentes municípios que têm características e problemas em comum ao servir os cidadãos. A AC deveria garantir uma direção compartilhada e facilitar os meios para isso. Princípios para dirigir são essenciais.
No próximo artigo, vou explorar como os dados podem ser usados para alcançar um governo aberto e fazer o bem social. Também vamos dar uma olhada no conteúdo da segunda metade do curso. Até logo!